Caminhos Literários
consulte aqui a agenda de eventos

Torre do Relógio

Durante muitos anos, antes das horas à mão, era o relógio público que marcava o ritmo da vida, bem mais pousado que o nosso, hora a hora, meia a meia.

A casa do sobredito relógio é a torre do que resta da antiga Capela de S. Pedro, que aqui existia.

O relógio foi instalado na primeira metade do século XIX (1837), é um dos poucos do seu género a funcionar em Portugal. Trata-se de uma complexa máquina com mais de 100 quilos de peso, provavelmente de fabrico francês, que tem a particularidade, como todos os relógios de torre do seu tempo, de ter um ponteiro só – o das horas.


PÁG. 131

[Onde, José Luís Peixoto]

Monta-se um relógio para não nos perdermos no tempo informe. Constrói-se uma torre para disponibilizar esse auxílio a quem está longe. Tocam os sinos para sermos capazes de escutá-lo até quando não o conseguirmos ver. Ao longo de séculos, este relógio no topo desta torre, como um coração de Constância. Todos os caminhos que usámos para chegar aqui são páginas, palavras que se dirigiram ao último predicado de uma frase. Já a seguir, fecha-se um parêntesis. Não conseguimos recordar quando foi aberto, como não recordamos o dia em que nascemos. São horas. Este instante é o ponto final de um livro.

A 20 metros poderá encontrar outro local com textos de José Luís Peixoto - a Casa-Museu Vasco de Lima Couto, da Rota do Cultura e Património, ou ainda a 100 metros a Replica da Fonte Nova, da Rota Natureza.