

Sobreiro da Dona Maria
O Sobreiro da D. Maria é uma árvore emblemática do Sardoal, classificada pelo Diário do Governo nº 145 de, 25 de junho de 1947, com idade aproximada de 200 anos, segundo o ICNF- Instituto da Conservação da Natureza e Florestas, deve esta denominação muito provavelmente ao nome da sua anterior proprietária.
É atualmente a árvore mais acarinhada pelos jovens, pelos encontros e desencontros que ela secretamente presenciou.
Um miradouro inspirador para a juventude do Sardoal que ali busca refúgio e inspiração.
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Estas palavras pertencem à árvore. As frases são como ramos, as letras são como folhas. Nas frases, a pontuação que as molda, vírgulas e não só, pausas, pausas, soluços, ou momentos um pouco mais longos que se estendem, são comparáveis à forma imprevista dos ramos. Cada frase corresponde a um ramo e, assim, o intrincado desta mancha escrita é semelhante à sua copa. As letras, apesar das distinções na aparência de cada uma, têm um tamanho mais ou menos uniforme, como as folhas. Podemos deter-nos em cada letra e apreciá-la, da mesma maneira que podemos reparar em cada folha e fixarmos os detalhes do seu recorte.
Estas palavras são, também, uma sombra da árvore. Quem está aqui, a pouca distância do seu tronco, a caminhar na terra que acolhe as suas raízes subterrâneas, tem possibilidade de entrar na sombra e, aí, sentir a mudança de temperatura, a trégua em dias de sol. Quem apenas tem estas palavras, não se sabe a que distância está daqui, imagina o sobreiro que lhes dá origem e recebe, igualmente, a sua ação. Tal como a sombra, estas palavras nascem do sobreiro, expandem-se a partir dele e, assim, dependem da sua idade e deste lugar preciso. Se esta fosse outra árvore, estas seriam outras palavras e, a partir daí, também nós seríamos outros e o próprio mundo seria outro. Esta árvore marca o centro de um mundo, estas palavras são a prova disso.