

Réplica da Fonte Nova
- Constância
- 39.475629, -8.338605
Em 1932, num terreno que antes era um declive onde crescia o mato e se faziam despejos, nasceu em poucos meses um belo jardim pequeno como a vila e perfeitamente integrado nela, de onde se podiam ver os telhados de Constância, o movimento dos rios, a ponte do comboio do Leste e os montados e olivais da margem de lá do Tejo.
No espaço abaixo do Jardim, surge nos finais de 1994 um largo onde foi colocada uma réplica da fonte nova que havia sido retirada alguns anos e painéis de azulejos evocativos de algumas das memórias da vila (Praça Alexandre Herculano com mercado semanal; panorâmica da vila em meados do século XX; e Casa dos Arcos e Antiga Torre de Punhete).
O chão é constituído por pedras roladas, um recurso endógeno em abundância em locais banhados por rios, o seu nome vem do fato da pedra vir rolando rio abaixo.
Uns anos mais tarde toda a vila viria a ser intervencionada no sentido de se proceder a uma requalificação urbana, o que levou a que todas as instalações aéreas passassem a subterrâneas, sendo criados quatro percursos, que permitiria ao visitante passear pelas ruas históricas da vila – Rota das Caravelas, Rota das Ondas, Rota dos Peixes e Rota das Âncoras)
Constância é uma vila muito florida, e ganhou em 1995 o Prémio de Honra Europeu da Vila mais Florida.
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Esta fonte é filha de outra fonte. A partir da lembrança dessa, construiu-se esta. Ou seja, este pedaço de realidade concreta foi construído a partir de uma lembrança que, por sua vez, deve a sua existência a uma realidade que, no seu tempo específico, foi tão concreta como esta.
Aqui só existe agora. Esta fonte, no entanto, é a demonstração inequívoca da presença de outros momentos. Enquanto duraram, também eles foram agora. Pessoas como nós estiveram nesses momentos da maneira que nós estamos neste. Não mentiam, chamavam nova a essa fonte velha porque, então, era nova. Um dia, até esta réplica, muito mais nova do que a outra, será velha também.
Tempo e espaço não podem ser separados, apenas conseguem existir em simultâneo, um dentro do outro. Por isso, realmente, tempo e espaço são a mesma coisa. Quando a outra fonte desapareceu, construiu-se esta no seu lugar, a dar corpo à lembrança. Esta fonte é a materialização de uma ideia. Olha em volta: com a exceção da natureza visível e invisível, tudo é materialização.
Também nós somos fontes, tínhamos pais que matavam a sede, lembranças agora. Éramos fontes novas, transformámo-nos em fontes velhas. Um dia, será a vez de as nossas réplicas fazerem o mesmo caminho.
A 100 metros poderá encontrar dois locais com textos de José Luís Peixoto - a Casa-Museu Vasco de Lima Couto, da Rota Cultura e Património, e a Torre do Relógio, da Rota do Espiritual e Contemplação.