

Quinta de Santa Bárbara
- Constância
- 39.48975, -8.32538
Já no século XVI aqui existia uma quinta, chamada Quinta do Paio por pertencer a D. Francisco de Melo Sampaio, neto da castelã de Punhete e amigo de Camões que lhe dedicou uma trova do célebre Banquete das Trovas. Dos tempos de Camões, cuja passagem pela quinta é muito provável, subsistem ainda algumas construções, com destaque para as adegas, agora adaptadas a restaurante com a designação Refeitório Quinhentista.
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Avançamos por caminhos e, a cada passo, cruzamo-nos com passado. Atravessamos o lugar de gerações antigas, pessoas que imaginamos a partir de imagens de outros séculos e que, no entanto, possuíam uma voz tão viva como a nossa, com a mesma imperfeição constrangedora. A pele dessa gente era tocada pela claridade de manhãs com total nitidez. O cheiro do buxo acabado de cortar não mudou com a passagem do tempo, os padres Jesuítas que aqui viveram sentiam esse aroma verde, fresco, com pouca diferença de como o sentimos hoje. Ao caminharem, a brisa tocava-os como nos toca.
O passado é imenso, existe em muito mais lugares do que conseguimos nomear. Entramos pelo portão, avançamos por caminhos onde já passaram tantas sombras, subimos degraus com histórias felizes e tristes, apoiamo-nos em paredes que já existiam no dia em que nascemos. Nesse instante, enquanto abríamos os olhos pela primeira vez, era aqui que estava esta quinta, a paisagem sobre Constância naquele lado.
Constância entre os campos, notável vila, a grandiosidade da natureza, uma lonjura como esta dá-nos a notícia de não termos tudo à distância dos nossos braços esticados e, por um momento, permite-nos grandes pensamentos. O passado é uma fronteira inultrapassável entre nós e o que parece estar sob o nosso próprio olhar. E, mesmo assim, o passado rodeia-nos, alimenta-nos, justifica-nos.
Pertenceu, no século XVII, a D. Fernando Mascarenhas Lencastre, capitão de Goa, governador da Índia e depois de Pernambuco que, por testamento de 1714, doou a quinta, já então chamada de Santa Bárbara, aos Jesuítas. Daí até à expulsão da ordem de Portugal, em 1759, a quinta conheceu a sua época de maior esplendor.
Foram os Jesuítas que mandaram restaurar e beneficiar a capela, através de um contrato estabelecido com o escultor italiano João António de Pádua, em 1739. Nela merecem destaque o magnífico retábulo e o silhar de azulejos que conta a história de Santa Bárbara
Aproveite o espaço e saboreie uma refeição na adega do Refeitório Quinhentista.
No final do dia regresse e venha provar os licores e whiskey do Bar – Club Beluga, um espaço de lazer e convívio, que nos leva a tempos já idos, rodeados de objetos de muitas histórias.