Caminhos Literários
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Moinhos de Entrevinhas

O início do Percurso faz-se nos Moinhos de Entrevinhas que fica no ponto mais alto da aldeia, com uma vista privilegiada. Do conjunto fazem parte quatro moinhos, tendo sido construídos nos finais do séc. XIX. Um dos moinhos possui um pequeno núcleo museológico com artefactos originais oferecidos pela família do último moleiro que ali laborou até ao verão de 1956, Tiago dos Santos Baptista.

O acesso ao interior dos moinhos é condicionado (contactar Junta de Freguesia de Sardoal ou Câmara Municipal de Sardoal).

Nos Moinhos de Entrevinhas encontra um baloiço panorâmico, de 6,50 metros de altura e 3,20 metros de largura, com vista sobre a Quinta Vale do Armo que poderá ser visitada.

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[Onde, José Luís Peixoto]

A distância entre nós e a terra é o pão.

Numa ponta desse caminho, estão as raízes finas que alimentam o trigo, a seiva que sobe ao longo do caule, o dourado que cobre a espiga. Depois, há o trabalho do moinho e do moleiro, o trabalho do vento, uma máquina formada por esses três corpos, ligados uns aos outros como rodas dentadas, todos eles essenciais, visíveis ou invisíveis. Depois, com água, sal e fermento, há os gestos que repetem os gestos que as nossas avós fizeram. O pão que elas amassaram foi necessário para que se chegasse a este que, depois do forno, depois de alinhado com a pá na superfície do forno, partimos, a côdea a estalar, e depenicamos entre o polegar e o indicador, pão português.

Este é o caminho mais direto, inclui água, sol, vento, força e engenho, inclui uma história antiga, sabedoria de gerações e que chega até nós. Podemos segurar um pão na palma da mão e tomar-lhe o peso, podemos observá-lo. Um pão não é simples e, ao mesmo tempo, seguindo o mesmo raciocínio, é simples. Como um trajeto na natureza, atravessando sons como os que escutamos agora, sentindo estações como esta que nos envolve, o pão é a distância entre nós e a terra, entre o ser humano e a natureza.