

Jardim-Horto de Camões
- Constância
- 39.474476, -8.339858
O percurso deste jardim leva-nos aos quatro cantos do Mundo por onde os portugueses andaram. Nele estão representadas 52 espécies de flora mencionadas pelo poeta, quer nos Lusíadas, quer na lírica camonianas.
No seu interior o visitante pode apreciar o Jardim de Macau, o Planetário de Ptolomeu no Auditório ao ar livre e a enorme esfera armilar, a maior de Portugal, que assinala os 500 anos de Descobrimentos Portugueses, que o épico imortalizou em Os Lusíadas, e o caráter universalista da nossa cultura.
Monumento a Camões é uma obra em bronze, da autoria de Lagoa Henriques, inaugurada pelo então Presidente da República, Ramalho Eanes, em 1982.
Virado ao Zêzere, como que olhando o correr das águas a caminho do Tejo, Camões parece ter ficado, sempre jovem, desde os tempos em que terá vivido, durante o seu desterro em Punhete (agora Constância). Quem o visita, muitas vezes faz-lhe carinhosamente um afago ou deixa-lhe flores.
Relaxe e faça uma visita acompanhada ao Jardim- Horto de Camões. Um projeto concebido pelo arquiteto paisagista Prof. Gonçalo Ribeiro Teles, e inaugurado em 1990 pelo então Presidente da República, Dr. Mário Soares.
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É muito fácil comparar um jardim a um poema: as plantas ordenadas em canteiros, os versos ordenados em estrofes. Mas o mundo não é pequeno e, para ser fiel ao tamanho de um peito ilustre, para fazer menção a obras valerosas, navegações grandes e fama de vitórias, é preciso atravessar continentes. Para arriscar uma palavra, faz falta entender todo o universo. Sentemo-nos à beira do planetário de Ptolomeu, contemplemos o mistério de tudo o que apenas imaginamos. Há perfeição decassilábica quando perseguimos um sonho que sempre nos escapa, o horizonte lá à frente.
É muito fácil comparar uma vida a um jardim ou a um poema: os anos a sucederem-se, as décadas, obra que as ninfas do Tejo e do Zêzere souberam inspirar, a vila e o poema unidos por uma mulher cujo nome merece ser dito junto aos nomes de Constância e de Camões, Dona Manuela Azevedo, engenho e arte. Mais de cem anos, uma vida, um poema, um jardim, século que liga uma margem a outra margem.
Eis-nos aqui. Os pequenos detalhes da botânica são comparáveis a palavras: o tronco destas árvores como substantivos, o pólen pulverizado na ponta dos estames como adjetivos, este olhar e dedicação como um verbo, um gesto iniciado que avança pelo tempo, sem nunca parar.
A 70 metros poderá encontrar um outro local com textos de José Luís Peixoto - a Praça Alexandre Herculano, da Rota Cultura e Património.