

Jardim do Castelo
- Abrantes
Datado da década de 80 do século XIX, este jardim histórico, além de albergar diversas espécies de flora, incluindo árvores imponentes como uma paineira rosa, permite um relaxante passeio em família.
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Há muitas coisas que namoramos. Sentamo-nos em bancos de jardim para namorar a primavera nos últimos dias de março, a imensidão da paisagem, certos pensamentos e esperanças. Ninguém consegue saber tudo o que aconteceu em cada um dos bancos deste jardim. Insuspeitos na sua postura quotidiana, guardam um passado composto por todas as decisões que foram tomadas sobre o seu amparo. À sombra ou ao sol, consoante a hora do dia, os bancos de jardim apresentam uma inocência que esconde revoluções, assinaturas de tratados, quedas de impérios. Ou, pelo menos, o equivalente de tudo isso na história de pessoas, abrantinos com nome e sobrenome. As tramas pessoais são tão importantes para quem as viveu como a história dita grande, com lugar nas grandes enciclopédias, intrigas de reis e exércitos.
Namorar é lançar-se ao descobrimento do outro, fazer-se ao enorme oceano sem certezas, apenas com a crença de que há mundo no outro lado do horizonte. Os bancos de jardim são as caravelas dessa demanda. Sem o passado que abrigam, sem tudo o que aconteceu na sua presença, não estaríamos aqui. Essa realidade seria muito diferente deste instante que nos rodeia, deste tempo que namoramos. É um namoro sério.
Daqui alcança magníficas panorâmicas sobre o rio Tejo, as freguesias ribeirinhas, o Aquapolis e o concelho que se estende até ao horizonte, incluindo as últimas lezírias do Ribatejo, as serranias beirãs e a antevisão da planície alentejana, afirmando, mais uma vez, a centralidade de Abrantes, a sua paisagem e cultura de confluência.
Na paisagem, junto ao rio, destaca-se mais uma monumental escultura de Charters de Almeida, “Cidade Imaginária”, os Mourões e as duas pontes, ferroviária e rodoviária. Aprecie tudo isto, eventualmente embalado pelo vaivém do baloiço panorâmico.