Caminhos Literários
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Casa-Museu Vasco de Lima Couto

Casa apalaçada dos finais do século XVIII, foi habitação de diversas figuras importantes da vida local e nacional, como o ministro setembrista Passos Manuel, Jacinto de Sousa Falcão e sua esposa, descendente de um da linhagem dos doze de Inglaterra, o Doutor Francisco de Oliveira Moncada, Governador-Geral de Angola e o Professor Pintor José Campas.

Pertence, desde os anos 70, a José Ramoa Ferreira, o Zé Brasileiro, português de Braga dos versos de Vasco de Lima Couto, e imortalizado na voz da fadista Alexandra.

O poeta viveu nesta casa os últimos quatro anos da sua vida. Após o seu falecimento, foi transformada em Casa-Museu, inaugurada pelo Presidente da República General Ramalho Eanes em 1981

Vasco de Lima Couto (Porto, 26 de novembro de 1924 - Lisboa, 10 de março de 1980) foi poeta, ator, encenador, declamador e radialista português.


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[Onde, José Luís Peixoto]

As vilas não existem apenas na rua, nos espaços comuns. O interior das casas também pertence ao território das vilas. Quando somado, forma uma vila nova, resguardada. Existe uma Constância composta pela superfície de todas as suas casas, possui recantos de todos os tipos, ninguém a conhece na totalidade. Podemos olhar para a fachada de qualquer casa e imaginar o seu interior.

Através destas palavras, entramos na casa-museu do poeta. Não tocamos o soalho, somos uma espécie de sombra invisível a avançar pelas divisões, como se o nosso tempo não coincidisse com o tempo da casa. E, no entanto, através destas palavras, entramos na casa.

Mas podemos entrar na casa concreta, abrir as suas portas concretas, atravessar os seus corredores concretos. Ao fazê-lo, havemos de cruzar-nos com todos os que a habitaram desde o século xviii, essas presenças são comparáveis à nossa quando entramos na casa através destas palavras.

O poeta viveu aqui nos seus últimos anos, morreu em 1980. Depois disso, o amigo do poeta, português do mundo, foi o guardião da memória. Histórias que alguém viveu agarram-se à existência nas linhas de cartas, imagens que alguém testemunhou agarram-se à existência nas telas de pinturas. Nós agarramo-nos a estas palavras, eterno presente. O tamanho da memória da casa intimida-nos, nascemos há tão pouco tempo.

Nesta zona poderá encontrar outros locais com textos de José Luís Peixoto. A 20 metros a Torre do Relógio, da Rota do Espiritual e Contemplação, e a 100 metros a Replica da Fonte Nova, da Rota da Natureza.