

Artelinho
- Sardoal
- /
- Alcaravela
- 39º 33´ 54.29´´ N, 8º 07´ 22.49´´ W
A ideia da Cooperativa Artelinho partiu do antigo Secretário de Estado da Agricultura, natural de Alcaravela, Eng.º Domingos Gaspar. Fundada em 22 de março de 1989 foi o resultado do esforço de um grupo de 40 mulheres, tendo como principal objetivo preservar a cultura do linho promovendo a fixação de pessoas.
A sua atividade está relacionada com a confeção artesanal de artigos de linho, bordados, cestaria e produtos em vime e, mais recentemente, com a confeção de produtos alimentares, como pão, tigeladas e bolos amassados, cozidos em forno de lenha.
Neste local, encontra-se ainda um pequeno núcleo museológico dedicado a estas atividades.
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Esta casa é plural, é mãos de mulheres. As paredes, janelas, telhas, e as portas, sobretudo, são mãos de mulheres. A palma dessas mãos é o chão, sustenta tudo, os alicerces estão cravados no interior dessa carne.
O linho é a pele, basta tocá-lo para entender essa certeza. Podemos deslizar as costas dos dedos na superfície do linho, ou passá-lo pelas faces. Em qual- quer dos casos, faz falta cuidado extremo para não o manchar, para não lhe roubar candura. Mas quem acha que pode ensinar o zelo às mulheres? Foram elas que o inventaram, desenvolveram essa ideia a partir de um instinto invisível.
Alcaravela, palavra bonita. Nesta casa, as mãos das mulheres esculpem essa palavra todos os dias. Com colheres, retiram essa palavra de formas de barro, acabou de sair do forno, é quando está mais doce, mas tem de ser comida muito devagar.
Também assim acontece com o pão, sustento de côdea e miolo. Também o vime, entrançado como os anos, como as idades de todas as mulheres de Alcaravela. Esta casa é plural, é olhos que levam o tempo, o que foi transforma-se no que é, assim avança a vida, as vidas, mãos que fazem, mãos dadas, paredes, janelas, telhas e portas, sobretudo, porque é através delas que o mundo inteiro entra nesta casa.